El Camino de la Muerte – eu sobrevivi!

Death Road - cascalho, curvas e precipício
Death Road - cascalho, curvas e precipício

Camino a Los Yungas é a rodovia boliviana conhecida como Estrada da Morte devido a sua elevada taxa de mortalidade. A estrada se estende 68km de La Paz a Coroico – sinuosa e rodeada por montanhas e precipícios.

Por muitos anos a Estrada da Morte foi a única ligação entre La Paz e a região de Yungas. Ônibus, caminhões, carros, todos dividiam o espaço na rodovia cuja largura varia de 3 e 7 metros. A combinação de pouco espaço, curvas acentuadas, pouca visibilidade e chuva à beira de um precipício que chega a 600m de altura cria as condições ideais para acidentes fatais. Estima-se que, desde a década de 50, 200 a 300 motoristas tenham perdido a vida a cada ano no Camino de la Muerte. Até o início da década de 90, a estatística era de que um carro cairia no precipício a cada duas semanas. Ao longo da estrada, existem centenas de cruzes e altares para homenagear aqueles que perderam suas vidas ali.

Em 2009 a Death Road deixou de ser tão mortal – foi aberto o novo trecho asfaltado que substituiu a parte crítica da rodovia. O tráfego foi desviado para a nova estrada e a viagem se tornou bem mais segura. A parte antiga ficou quase sem uso, exceto pelo grande número de ciclistas que se arriscam na descida, conhecida como Downhill. Se você for passar por La Paz, arrisque-se! Ninguém precisa ser atleta ou profissional de mountain bike para fazer o passeio.

Descer a Estrada da Morte de bicicleta é uma das atividades mais populares na Bolívia. O passeio é emocionante e arriscado – a maior parte da estrada é de cascalho e sem acostamento ou mureta de proteção. Em La Paz, as agências especializadas estão por todos os lados. Agências de turismo também vendem o pacote do passeio. Os preços variam um pouco e a qualidade do equipamento também, mas em geral as empresas oferecem o mesmo serviço, que inclui informações, briefings de segurança, guias, transporte, equipamentos, lanches ao longo do caminho, banho, toalha, piscina e almoço para fechar o dia. É legal escolher uma empresa que ofereça bikes de boa qualidade, com suspensão e freios em dia 😉 Nós escolhemos a Pro Downhill Biking – não era a opção mais barata, mas achamos melhor não arriscar. Uma das vantagens é que eles fazem grupos pequenos, o nosso tinha só cinco pessoas.

O passeio dura o dia inteiro. Uma van pega todos os ‘atletas’ em seus hotéis entre 8 e 9 da manhã e segue para La Cumbre. Lá, o guia passa as instruções necessárias e distribui o equipamento de segurança: calça, jaqueta, joelheiras, cotoveleiras, capacete e luvas. Mais 15 minutos para testar as bikes e a descida começa. La Cumbre está a 4700m de altitude e é bem frio – tem que se agasalhar em camadas para poder ir tirando no caminho, já que a descida acaba a 1200m de altitude num lugar bem mais quente.

No nosso grupo não tinha nenhum aventureiro radical e a velocidade da descida foi bem tranquila. O grupo todo para a cada 15 ou 20 min pra descansar, comer e tirar fotos. Apesar de ter poucas pedaladas envolvidas, a descida é bem cansativa. O guia vai na frente e a van, aquela que te leva até o topo da montanha, vai atrás seguindo o grupo. Você não precisa se preocupar onde vai carregar a mochila, porque fica tudo dentro da van, mas é bom levar umas moedas no bolso para poder usar os banheiros que ficam no caminho. (Não espere nada muito fino, mas esteja pronto para pagar pelo menos 1Bs.)

Só os primeiros 20km são asfaltados e, nessa parte, os ciclistas dividem o espaço com os carros – tem espaço suficiente para todos e mureta de proteção. No povoado de Unduavi, a coisa muda de figura e a estrada vira cascalho. Você vai precisar pagar 25Bs para fazer a segunda parte da descida, é a taxa de entrada no parque que não está incluída no preço do pacote.

Durante toda a descida, os ciclistas são presenteados com uma vista deslumbrante. As cachoeiras ao longo do caminho garantem que você se molhe bastante, mesmo com toda a roupa de proteção. A cada parada, eu torcia minhas luvas para tirar o excesso de água.

Perto do fim da descida, tudo dói. O que mais dói, acredite, são as mãos – por conta do frio e da vibração da bicicleta.

A descida termina na vila de Yolosa. Enquanto os guias lavam as bikes, os turistas tomam uma cerveja bem merecida. De Yolosa, cada grupo segue para o almoço e chuveiro em lugares diferentes. O nosso foi no Eco-Resort Villa Verde. O banho é num espaço comum – um galpão com uns 20 chuveiros para homens e mulheres (todos fechados, claro, e com placas de ‘hombre’ ou ‘mujer’). Você vai precisar de chinelos para tomar banho, mas a empresa oferece toalhas e shampoo. Lembre também de levar uma muda de roupas para depois do banho – a que você estava vestindo até agora deve estar encharcada e suja de lama (lembre também de levar umas sacolinhas para guardar a roupa molhada). O almoço foi bem simples, com direito a sopa de letrinhas fazendo as vezes de macarrão – um banquete para quem passou as últimas horas tentando não cair do precipício.

A viagem de volta a La Paz levou mais de três horas no trânsito caótico da região. A van leva o grupo até o escritório da empresa onde cada um ganha um DVD com fotos e vídeos que o guia vai tirando ao longo da descida, o que é bem bacana, e uma camiseta que diz: I am a survivor of the Death Road in Bolivia. Eu tenho a minha 😉

Mariana Aimone Santos

Amante da fotografia, viagens e sabores. Está na estrada sempre que pode e agora divide experiências e dicas no site Viajera. Designer Gráfico nas outras horas do dia.

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